terça-feira, 7 de junho de 2016

A criança está pronta para a escola? A escola está pronta para a criança?



No dia 4 de junho a educadora Waldorf Louise deForest falou, na Escola Miguel Arcanjo, sobre a transição para o primeiro ano. A palestra "A criança está pronta para a escola? A escola está pronta para a criança?" tratou de como o mundo, ao longo do tempo, introduz a instituição escolar aos seres humanos.


Para iniciar os trabalhos, a professora Tereza Miranda aqueceu corpo e vozes da turma. 
“Dondiridon cantar é que é bom 
E esta canção corre em direção ao céu, ao mar, três vozes no ar, 
Faridon Diridondondon 
Faz sorrir e alegra o ton, 
Laridon Diridondondon”.


Para quem não pode participar, seguem anotações de quem esteve presente (serão atualizadas conforme as pessoas mandarem suas notas).

"A criança pequena se movimenta, e é através do movimento que experimenta o mundo. Se joga uma colher no chão e ela cai fazendo determinado barulho, ela o faz novamente tentando descobrir se ela irá cair novamente, se fará o mesmo barulho e tantas outras coisas que pode descobrir com esse gesto. Através da experimentação de tudo que está a seu redor e da imitação ela vai aprendendo milhares de coisas. Nós adultos sentamos e conversamos ou lemos um texto para aprender algo, a criança precisa vivenciar, se movimentar, especialmente na primeira infância, que dura até os 9, quando a criança começa a se aproximar mais do pensamento abstrato (mas não está nele ainda!).
As demandas tecnológicas atuais e as mudanças educacionais no mundo (a alfabetização está começando cada vez mais cedo) impulsionou uma pesquisa, que foi feita para saber se devido aos estímulos feitos as crianças estariam diferentes (se elas estariam, por exemplo, prontas para ser alfabetizadas antes dos 7) e a conclusão a que chegaram foi que não, que na verdade elas têm sofrido com as demandas que colocam para elas. Outra pesquisa, feita em todas as escolas Waldorf da Alemanha, mostrou que em 1986 7% das crianças não estavam preparadas para entrar no primeiro ano do Ensino Fundamental e em 2006 80% das crianças não estavam preparadas. Por preparadas entende-se que elas tenham trabalhado bem a movimentação e estejam com os dois lados do cérebro bem desenvolvidos, com a curva da sola do pé feita, com os molares nascendo... Para encarar então o desafio de educar essas crianças que chegam no ensino fundamental sem terem desenvolvido habilidades importantes no primeiro setênio é preciso resgatar alguns processos, trabalhar o movimento, a lateralidade, o equilíbrio, a percepção corporal, entre tantas outras coisas." Professora Aísha Kaderrah

"Em uma pesquisa realizada em 1986 nas escolas Waldorf na Alemanha, foi detectada a prontidão de 93% das crianças para o 1º ano do ensino fundamental. Aproximadamente 20 anos depois, repetiu-se a pesquisa e essa prontidão caiu para 20%. Concluiu-se que tal fato se deu pela falta do brincar.
A criança atualmente tem muitas atividades com o objetivo de aprendizado (aulas de dança, inglês, etc.), mas quem aprende em aulas é o adulto. A criança pequena aprende no brincar." Professora Paula Morais



"Louise tem 4 filhos, 2 que estudaram só em escola Waldorf, e 2 que estudaram bastante tempo na escola tradicional e disse que é muito óbvio para todos que eles pensam diferente. Os que estudaram na escola Waldorf pensam sobre o mundo em cores e os outros em preto e branco. 

Ela falou de crianças de 0 a 7 anos e seu comportamento em 3 fases: 

18 meses: uma criança vê a mãe fazendo algo, como guardar as compras, e imita. Mas está só imitando, não é importante para a criança o significado da atividade;

4 anos: a criança aproveita das coisas no ambiente para brincar e consegue assimilá-las no mundo da imaginação;
6 anos: o jeito de brincar é muito mais planejado e a criança procura os elementos exatos (materiais) que serve para as suas fantasias;


Observa-se o desenvolvimento da trimembração: 18 meses = vontade (sistema metabólico motor); 4 anos = diálogo com o ambiente (sistema rítmico); 6 anos = pensar.



Ela descreveu a criança de 6 anos como um ser que procura perfeição e sofre uma crise. Por isto é tão importante ter tempo para brincar e assimilar estas novas capacidades e não forçar o intelecto muito cedo." Professor David Fuller


"- Em todos os países que ela tem visitado, independente de ser pobre ou rico, os adultos estão preocupados em ganhar tempo, dando às crianças cada vez mais atividades que lhe proporcione assimilar conteúdos. 
- Cada vez mais as crianças chegam ao 1o ano sem o desenvolvimento físico e emocional necessários. Há 20 anos atrás 7% das crianças com 7 anos não estavam preparadas para chegar ao 1o ano, atualmente 80% não estão. Tudo isso é um reflexo da tendência global de querer acelerar a criança e também o fato de estarem privadas de movimento, confinadas em apartamentos e muito tempo paradas frente as tecnologias (TV, internet, tablet, celular).
- A diferença é que a Pedagogia Waldorf ensina a pensar enquanto que o ensino tradicional ensina a memorizar conteúdos.
- Há estudos em todo o mundo mostrando que os que estudaram nestas escolas conseguem ter bons resultados na universidade e que tem necessidade de fazer e não apenas de conteúdo, o que os tornam bons empreendedores da própria vida.
- Nos EUA há universidades que dão preferência aos alunos oriundos das escolas Waldorf por perceber que eles são mais criativos e aprenderam a pensar. 
- Frente a uma situação, os filhos dela que vieram da escola waldorf percebem uma diversidade de possibilidades, um arco-íris de possibilidades, enquanto que os filhos que não estudaram enxergam o preto no branco." Cecília Costa


"O que me chamou muita atenção foi o fato de em algumas escolas pelo mundo o primeiro ano ter uma rotina mais flexível quanto ao tempo do Recreio (em torno de 1 hora) e não terem carteira e cadeiras nas salas. No lugar dos mesmos tem uma espécie de pufes, e quando vão escrever utilizam de um apoio de madeira no colo. Assim as crianças têm mais espaço em sala para trabalhar mais o ritmo que ocupa a maior parte da aula inicial." Professora Liliane Reis




Sandra, Prof. David , Eduardo, Profa. Louise, Profa. Patrícia, Profa. Kelly,
 Profa. Aísha, Mariângela, Edna, Denizete.