segunda-feira, 24 de abril de 2017

História da Escola Miguel Arcanjo

História da Escola Miguel Arcanjo, contada por Carolina Eid Linck, uma das fundadoras.

“A Escola Miguel Arcanjo começa a ser pensada quando a então Escola Polén (hoje Colégio Rudolf Steiner de MG) reúne os jardins Waldorf de Belo Horizonte para dizer que não tinham como acolher mais as crianças de outros jardins no grau. Eles conseguiam garantir vaga apenas para as crianças do próprio jardim. Então estes jardins, Vitória Régia e Lume, deveriam encontrar outro local para abrigar as suas crianças quando saíssem para o grau.

A professora Patrícia, que à época era mãe no Vitória Régia e fazia a formação em Pedagogia Waldorf, eu, Carolina, que trabalhava na Pólen e fazia a formação, assim como a professora Zaline, participamos, junto com um grande grupo de pessoas, de um estudo assessorado por Hélcio Padrao e Berenice Von Ruckert, vislumbrando uma nova escola Waldorf para Belo Horizonte.

Os jardins não tinham o desejo de dar o passo para o grau. Então, numa das reuniões, Patricia assumiu que levaria adiante o projeto para a nova escola. Hélcio lançou a pergunta: quem a acompanha? Então eu levantei a mão, e Zaline também veio, e formamos um trio de professoras, ainda em formação waldorf, que tinha apenas sua experiência trabalhando na Pólen e o desejo de fazer nascer uma nova escola Waldorf na cidade.

Optamos por trabalhar na região norte, pois já havia a Pólen na região sul, para contemplarmos a cidade em diferentes regiões. Então passamos 2010 estudando quinzenalmente, semanalmente, e ao final do ano não tinhamos lugar, nem nada. Mas tínhamos a inspiração de Miguel Arcanjo, a “confiança plena” de que esta escola nascesse, mas “nenhuma segurança material”. E por isso escolhemos o nome Miguel Arcanjo. Fizemos reuniões com possíveis famílias e destas ficaram duas. Então realizamos uma rifa, arrecadamos 4000 reais, pedimos 2000 reais emprestados para o aluguel e começamos a escola, em fevereiro de 2011, sem salário, sem nada, mas com pura vontade e desejo. Numa casa bem próxima ao jardimVitória Régia, Patrícia assumiu o primeiro ano, com 3 alunos. Ao longo deste ano vieram vários desafios, inclusive sobre a autorização de funcionar na casa que alugamos, que inicialmente era liberada para funcionamento e logo depois já não era.

Tivemos uma série de negativas nesse primerio ano para que a escola não continuasse, inclusive de órgãos da antroposofia que chegaram a dizer: “Olha não continuem, vocês nem salário têm, vão viver de quê? Vocês vivem de vento?” E na época trabalhávamos eu, professora Patrícia e a professora Cíntha, de inglês, que topou estar conosco. Tínhamos vontade, desejo, víamos a qualidade do que era feito com as 3 crianças, o retorno que elas traziam, como era belo o que estava sendo construído ali.

Batemos o pé e dissemos: esta escola continuará, pois acreditamos no trabalho que está sendo feito e tínhamos as 3 famílias conosco, confiando. Vamos em frente!

Mudamos em 2012 para a casa do Ouro Preto. Uma loucura, pois o aluguel era o dobro do que recebíamos de mensalidade. Mas foi mudarmos e as crianças começaram a chegar. Eu assumi o primeiro ano, a Patrícia o segundo e começaram a chegar os professores de matéria (euritmia, música) e a escola foi se estruturando e, em 14 de setembro de 2012 conseguimos o parecer da Secretaria de Educação de MG de que éramos uma escola. E é por isso que 14/9 é considerado o aniversário da Miguel Arcanjo. Foi nesse dia que nascemos fisicamente para o mundo! Data bem próxima ao dia de Micael, 29 de setembro.

Conseguimos ser legitimados pela secretaria, conseguimos um colegiado maior, mas era uma escola em que eu e Patrícia fazíamos tudo, administração, reuniões, oficinas... Nesta mesma época decidimos que nossa escola não receberia um título Waldorf apenas para tê-lo. Nós construiriamos isso com nosso grupo de professores, pais e crianças. Seria sempre algo de dentro pra fora. Começamos um caminho em 2012 de organizar a escola por comissões de trabalho pra fortalecer a comunidade de pais. E continuamos assim até o surgimento da Associação.

Em 2013 e a escola tem mais professores de matéria, uma organização maior, chega uma administradora.

Em 2014 a escola cresce e a casa se encolhe. E o que faremos? Surge o desejo de um local maior e a possibilidade de ir até o 9ª ano. Então começa-se a pensar e estruturar a AMAR. Em 2015, outra mudança de casa. Com a doação de uma 13ª mensalidade pelos pais, conseguirmos realizar a reforma da casa. E tínhamos salas suficientes, sala de euritmia, sala de trabalhos manuais, e chegamos ao final de 2015 com a questão: vamos ou não para o 6º ano? Fomos. E tivemos novamente que readequar os espaços e expandir.

Em novembro de 2015 nasce a AMAR. E então instituímos o tripé que sustenta nossa escola: Colegiado de Professores, Conselho de Pais, AMAR.

Chegamos a 2017 com o 7º ano e um colegiado de 22 professores (sendo a maioria das professoras de classe com formação Waldorf). Tivemos também uma grande conquista: somos uma escola reconhecida pela Federação de Escolas Waldorf de Brasil – FEWB.

Estamos agora voltados para o fortalecimento deste colegiado, para que possamos manter o que nós nos comprometemos no início da escola: que a prática da pedagogia waldorf exista realmente e seja construída de dentro para fora.”




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