sábado, 24 de junho de 2017

João – uma advertência à nossa consciência

Evelyn Scheven

Precisamente meio ano antes do evento do Natal, nasce num certo país, uma criança cujos pais já eram muito velhos.

Conta-se que os clarividentes da época, pouco tempo após o nascimento, observaram que se tratava de uma criança muito especial e que, como que por heredietariedade, trazia consigo toda a experiência de seus velhos pais.

Por ser sacerdote, seu pai dava-lhe uma educação muito rígida e cheia de sabedoria, o que fazia refletir a sua própria maneira de agir: conta-se que, entre muitas outras coisas, era um ser pensativo, melancólico, que brincava pouco e que tinha uma inteligência bem acima da média de sua idade, aos dez anos, já participava das discussões e debates dos sacerdotes. Esta criança se chamava João e nasceu no dia 24 de junho.

Em 24 de dezembro daquele mesmo ano, nasce uma outra criança cujos pais eram muito simples (seu pai era marceneiro). Conta-se que, ao contrário da primeira, esta criança teve uma educação muito simples e que era muito criativa e gostava muito de brincar. Sua educação nada tinha do conteúdo iniciático dos sacerdotes.

Estas duas crianças, durante sua infância, mantiveram muito contato entre si. Cresceram juntas e uma delas seguiu a profissão do pai, mas logo se revela a vontade de ajudar o próximo, de entendê-lo, desperta-se-lhe a criatividade de querer transformar o mundo.

A outra consolida cada vez mais as suas características da infância e, ao tornar-se adulta, afasta-se da sociedade para pensar e meditar. Retirando-se para o deserto, concentra-se em si mesma com o objetivo de entender em que ponto chegou a humanidade no seu caminho evolutivo. Percebe então que, na sua caminhada, a humanidade alcança um “beco sem saída”. Na meditação adquire a profunda consciência do mundo de sua época.

Ele não procura as pessoas, elas é que vinham a ele para serem batizadas e dele receberem ensinamentos. Orientava as pessoas para que mudassem o sentido de suas vidas, já que a velha maneira de viver e pensar não mais levaria a humanidade ao futuro.

Sua consciência em compreender o passado era também capaz de olhar o futuro e de perceber no seu companheiro de infância não só um homem com consciência, mas também com uma criativa força de transformação.

Assim João, a última e mais digna criatura da velha humanidade, que se dizia descendente de Adão, reconhece o primeiro homem do novo mundo e que este também podia falar de si, que nasceu de Deus.

João, conscientemente une no Batismo do Rio Jordão o velho ao novo mundo. Pouco tempo depois vai para o sacrifício do monte onde é condenado e decapitado por Herodes.

Assim, como o 24 de dezembro e o 24 de junho se encontram em polaridade no transcorrer do ano, estas duas criaturas Jesus e João encontram-se em polaridade na história da humanidade. Um reúne em si a força criativa da luz do Sol; o outro tem através da consciência, a força reflexiva da Lua.

Quando o homem moderno inicia o ano, em 24 de dezembro, e, no decorrer deste passando pela Páscoa e Pentecostes, chega a 24 de junho, aniversário de João Batista, é levado a compreender neste polaridade com o Natal, com toda a sua consciência, o acontecimento de Cristo. Como sinal do despertar dessa consciência, podemos entender o acender de fogueiras na escuridão da noite de aniversário de João Batista.

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