terça-feira, 4 de julho de 2017

Meu Para Casa


por Professor David Fuller

(no curso “Arte de Educar”)

Este semestre eu tive a oportunidade de participar no Curso “Arte de Educar”. Até agora não faltei nenhuma vez. Posso dizer que valeu muito. Para quem não tem a oportunidade de fazer Pedagogia Waldorf, é uma introdução muito boa. Para mim, algumas coisas ficaram melhores esclarecidas da forma que a Carol e Patrícia colocaram, do que no curso de Jaguariúna, São Paulo. E com certeza, encontrando as ideias pela segunda vez com mais detalhes, depois desta introdução, as capturamos bem melhor. 

No mês de Maio recebemos um Para Casa. O tema de Maio foi Quadrimembração e aprendemos que há quatro reinos, o mineral, o vegetal, o animal e o homem. Cada reino está ligado com um elemento: Terra, Água, Ar & Fogo. O Para Casa foi de observar os reinos.

Compartilhei este Para Casa com a turma do Arte de Educar e com as Professoras Patrícia e Carol, e agora estou compartilhando-o com você.

da internet


Observando os Quatro Reinos

Cheguei a casa e pensei assim: “Já sei como posso observar o reino vegetal. Plantei Feijão Guandu no meu condomínio e quando levanto cedo para aguá-lo, posso observar como ele está crescendo.” 

Aprendemos no curso que as plantas têm um corpo físico e um corpo Etérico (ou corpo vital). Será que as minhas observações contaria algo deste corpo Etérico para mim? Bem na hora algo aconteceu com a minha planta. Ao amanhecer o dia, subi para aguar a minha planta na área de preservação do condomínio e a encontrei totalmente nua (sem folha). Mas, o que foi? Não pode acontecer isto! Acabei de escolher uma planta para observar e ela faz esta desgraça para mim? 

Respirei profundo e acalmei. Comecei o trabalho detetive e descobri que havia trilhas de formigas no chão. As formigas já tinham sumido, mas deixaram esta evidência - uma trilha! Com certeza a culpa de desfolhar a minha planta estava com estas formigas.

Já descrevi a minha reação do acontecimento! Mas, como foi a reação da planta? Ela chorou? Ela gritou? Ficou deprimida? Tentou matar as formigas gritando “Vingança!”? 

Não! A única resposta da planta foi continuar vivendo, continuar crescendo, continuar recebendo o sol e a chuva e transformando-os em vida. Após poucas semanas a minha planta estava folhada novamente.

Logo depois de achar algo do reino vegetal, descobri o que eu poderia observar do reino mineral. Na mesma área de preservação que plantei o feijão, tem rochas enormes. Nem preciso sair da minha casa para observá-las. Dá para fazer isso da janela do meu apartamento. 

Comecei comparar as rochas com a minha planta. As rochas também recebem o sol e a chuva. Quando o sol bate nelas, elas esquentam igual à planta. Só que quando a noite chega, as rochas devolvem o sol do dia para este ambiente escuro. E a mesma coisa acontece com a chuva. A chuva bate nelas. Elas molharam. Acontece uma mudança, mas é temporária. Depois que as rochas secam, não temos nenhuma evidência que algo transformou. A planta desenvolve, mas a rocha somente vai decompor depois de milhares de séculos por causa de ter recebido as influências do sol, do vento e da chuva.

Ainda não tinha descoberto algo do reino animal, mas comecei comparar as rochas com os animais. Será que as minhas rochas andam? Nos primeiros dias que habitávamos o nosso apartamento, depois de mudar para Belo Horizonte, olhando para as rochas (que são brancas) pela janela, deu a impressão de serem animais foragidos nas montanhas, talvez ovelhas. Para ter certeza que as minhas rochas não andavam, tentei lembrar o posicionamento de cada uma. Da mesma forma que eu já mapeei estrelas, reconhecendo formas geométricas de triângulos e quadrados, antes de identificar uma constelação, agora eu mapeei as rochas. Assim, consegui confirmar que as rochas não estavam mudando de lugar. Sobrava só a possibilidade que elas andavam enquanto ninguém estava de olho e sempre voltavam para o mesmo lugar.

Agora surgiu uma oportunidade de observar algo do reino animal. Não foi planejado. Estava levando a compostagem da casa para a área de preservação bem de madrugada, talvez 4 horas de manhã. Estava bem escuro. Quando cheguei à área aonde sempre esvaziava a compostagem, encontrei na minha frente um animal que pareceu para mim bem exótico. Lembrei-me do “Aye Aye”, um animal bem pequeno e fofo da Madagascar que encontramos no zoológico da minha cidade na Inglaterra. O nariz estava bem apontado e as orelhas bem grandes. Também tinha um rabo bem extenso e marcado com listras. Como estava muito cedo e o animal não preocupava com a possibilidade de encontrar humanos, ele continuava procurando algo para comer na compostagem, sem perceber que um ser humano estava observando-o. Fiquei lá olhando para ele por um tempo.

Quando o vi pela segunda vez, o dia já estava começando. O animal, se realmente foi o mesmo (não tenho certeza), estava muito mais atento. Antes de eu chegar à compostagem, ele me ouviu e começou esconder. Percebi-o escondendo e tentei observá-lo, mas não consegui ver ele por perto igual à primeira vez. Passou um minuto e consegui ver o animal escapando para o outro lado do muro por um canal de drenagem. No outro lado tem bastante mato e com certeza o ninho deste animal encontraríamos lá.

Não vi o animal mais vezes, mas tenho quase certeza que ele apareceu mais uma vez, só que foi observado por outra pessoa. Quem observou o animal nesta ocasião não viu um animal exótico. Vendo algo correndo na compostagem chegou à conclusão que era um “rato” sem parar para pensar. Além de cair nesta conclusão, a pessoa fez outras conclusões mal pensadas; concluiu que tinha não só um rato visitando o compostagem, mas um ninho de ratos morando no compostagem e precisamos exterminá-los, o mais rápido possível. 

Estou postulando tudo isso porque não vi este acontecimento. O que eu vi foi a chegada do 4º reino na área de preservação. Já tinha visto as rochas do reino mineral, ligadas ao elemento terra, e sobre a força de gravidade; eles não se movem. Já tinha visto a minha planta, que cresce, superando a gravidade, ligada ao elemento água, que tem um corpo etérico muito atuante. Já tinha visto um animal exótico, que aparece e desaparece e que vive em movimento, mostra medo de dia e mais tranqüilidade de noite; mais um corpo pertence ele. Não encontramos este corpo nem nas rochas, nem nas plantas; é o corpo astral. Além do animal, só o ser humano tem este terceiro corpo. 

O reino animal está ligado ao elemento ar. Qual elemento está ligado ao homem?

Acredito que quando a Patrícia e Carol pediram para fazermos um Para Casa de observar os quatro reinos para descobrir suas características, os corpos que manifestam neles e também os elementos ligados com eles, não esperavam que o elemento de fogo aparecesse tão literalmente no ser humano, que aconteceu para mim. Quando o homem chegou à área de preservação, ele chegou com o presente dado por Prometeu, roubado dos deuses na mitologia Grego. Da minha janela, observei dois homens botando fogo na minha compostagem. 

Por que o elemento fogo está ligado com o ser humano? Claro que o homem tem o segredo do fogo, de manipulá-lo para o seu beneficio, que os outros reinos não têm. O mito de Prometeu conta sobre isto, mas também conta que o Prometeu pagou um preço por ter roubado o fogo dos deuses. Cada dia uma águia (ou corvo) come o seu fígado e durante a noite, ele dorme e recupera. Professoras Patrícia e Carol contavam no curso que o homem tem um “EU”, uma individualidade e auto-conhecimento que nenhum dos outros reinos tem. Este é o fogo interior do homem. Tem um custo para o homem manter este “EU”; pode sugar a sua vitalidade, mas este fogo (metafórico) tem a capacidade de transformar o próprio ser humano. O fogo físico que ganhamos dos deuses possibilita a transformação química dos substâncias, por exemplo, a comida que cozinhamos, mas o fogo interior pode transformar o próprio homem, os corpos físico, etérico e astral, na sua evolução espiritual.

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